sexta-feira, 12 de março de 2010

Fim de um ciclo?


O ano é 1999, dia 29 de março e, depois de muitos anos esperando, finalmente tenho minha primeira aula de Karatê. No mesmo ano, alcanço a faixa amarela e a faixa vermelha. Em 2000, alcanço a faixa laranja e mudo de professor e de horário. Competindo desde 99, me empolgo e participo de mais competições, com pouco sucesso, é verdade, mas até achava aquilo interessante; no fim do ano, alcanço a faixa verde com a impressão de que somente após mudar de professor - agora não era mais um atleta que me dava aula, mas um casal sério e competente, Sensei Adilson e Sensei Lia – começo a aprender Karatê de fato. Ainda nesse ano, um colega de treino, Angelo Ton, se torna meu melhor amigo, um irmão, hoje veterinário, estudando também medicina humana. Um longo e proveitoso aprendizado em 2001 (com uma curta passagem pelo Taekwondo) me leva à faixa roxa no final do ano. Nesse ano, tento vestibular para Educação Física pela primeira vez, e não passo na segunda fase.



Em 2002 projeto seriamente estudar Psicologia e, por motivos profissionais, não me preparei adequadamente para a prova, ficando muito mal classificado na lista de suplentes. Alcanço a faixa marrom com muito esforço. Ainda em 2002, o hoje advogado Leonardo Mocelim, que a pedido do Sensei Adilson me ensinou as primeiras técnicas, se mostra um grande amigo. Angelo e Leonardo, amigos pra toda vida, haja o que houver. Em 2003, treino duro para alcançar a faixa preta, ao mesmo tempo em que estudo para o vestibular, novamente para Educação Física. Após passar em sexto lugar na primeira fase, quis o destino que o exame acontecesse no mesmo dia que a prova de redação da segunda fase e que o exame se atrasasse muito. Terminei o exame exausto, pois o calor era intenso e saio correndo para fazer a prova e chego faltando apenas 15 minutos para fecharem os portões. Alcanço a faixa preta e passo no vestibular em sétimo lugar.



O ano agora é 2005, finalmente começo a ensinar Karatê, motivo pelo qual busquei estudar Educação Física. Entre muitos alunos interessados que tiveram que abandonar as aulas por causa de estudo (afinal, entravam também no ensino superior) e alunos que ficavam por pouco mais de um mês, penso que passou de cinqüenta o número de alunos a quem pude transmitir um pouco desta arte que tanto bem me fez e faz. Mas tudo obedece a ciclos...



2010. Após alguns meses trabalhando em escola de ensino fundamental, ensinando Karatê em academia e em projeto comunitário e, estudando para o mestrado em Educação Física, consigo ser aprovado e, antes mesmo de ver a grade de horários, já sentia algo “pesado” no ar; Já sabia que seria difícil conciliar o ensino do Karatê com os estudos do mestrado, produção científica e tudo o mais, mas esperava com boa vontade, conciliar as coisas. Mas parece que chegou o fim do ciclo do Karatê para mim, faltando poucos dias para completar onze anos nesse caminho que trilhei, pois a grade de disciplinas é distribuída das 8 às 22hs, nos cinco dias da semana.



Aos meus mui caros mestres, Sensei Adilson e Sensei Lia, ficam a gratidão e o respeito de tantos anos de convivência, aprendizado e companheirismo dentro da equipe de arbitragem e da Associação de Karatê de Guarapari. Aos companheiros de treino e então colegas docentes, Gilson e Adilson Júnior, deixo a responsabilidade de perpetuarem a tradição e o bom nome da ASKARI; contem comigo no que eu puder ajudar. Aos muitos colegas de treino desses quase onze anos, minha amizade e meu apreço, salvo raras e lamentáveis exceções. Aos tantos alunos que tive a oportunidade de ensinar desde os primeiros movimentos até, em alguns casos, técnicas avançadas, fica o meu pedido de perdão por não podermos mais caminharmos juntos, mas quero que saibam que até o fim de meus dias, lembrarei de nossas aulas, principalmente dos bons momentos, mas também dos maus momentos com os quais pudemos aprender valiosas lições. Na medida do possível, estarei ligado ao Karatê, mas agora, se não é o fim de um ciclo, é, em meu entender, uma longa pausa necessária.



“O Karatê é uma atividade para toda a vida”.
Funakoshi Gichin – 9° princípio fundamental do Karatê

OSS!

domingo, 7 de março de 2010

Corda para arco - tutorial

Assim como já fui completamente iniciante na arqueria artesanal e tive auxílio de muitos arqueiros, presto aqui minha humilde contribuição para os mais iniciantes do que eu, fazendo um tutorial de como fazer corda para arcos usando corda de fios de poliéster trançados.

Material necessário:
-2 metros de corda de fios de poliéster trançados com 5mm (comprada em lojas de produtos agropecuários ou de pesca)
-Tesoura ou faca
-Isqueiro ou uma vela (fósforo não dá certo)
-Uma lapiseira ou caneta de ponta metálica fina
-Fio de poliéster encerado ou linha grossa de poliéster ou uma linha grossa qualquer
-Agulha não muito fina nem muito grossa

Vamos ao passo - a - passo:

1-Retire os fios que 'recheiam' a corda e despreze-os; queime a ponta da corda com o isqueiro ou com a chama de uma vela, arredondando-a, como na foto:


2-Passe um pedaço de linha grossa com a agulha bem a pontinha da corda, e passe a pontinha da linha na agulha (1); meça cerca de 12cm da ponta e introduza a ponta da lapiseira ou da caneta, alargando aos poucos (2):




3-Com cuidado para não estreitar novamente o espaço que fica no interior da corda, introduza agulha, pelo menos 3cm e passe a ponta para fora, puxando a linha grossa e introduzindo a ponta da corda pelo menos 2cm:




4-Retirando a agulha, puxe uma das pontas da linha:
5-Segurando nos pontos A e B marcados na foto, puxe a corda para travar a ponta dentro da mesma:



6-Agora é hora de travar mais ainda a ponta da corda. Usando agulha e linha grossa, costure a ponta. Na foto, mostrei qual o trajeto que costumo fazer para costurar:


7-Como usei fio de poliéster encerado, queimei as pontas e as 'soldei' na corda:




8-Após fazer o mesmo na outra ponta da corda, coloque-a no arco e meça cerca de 15cm na área onde vc encaixará a flecha e fará a puxada. No arco mesmo, para manter a corda bem esticada, enrole uma linha grossa ou o fio encerado bem apertado, para reforçar e evitar um desgaste prematuro da corda nesse ponto:



9-Pronto, tens agora uma corda eficiente e barata pro teu arco! Recomendo que passe um pouco de parafina (cera de vela) no loop, a parte que vc encaixará no arco, aumentando sua durabilidade.




Espero que este tutorial seja útil para pelo mens uma pessoa; assim terei feito algo de útil^^
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DEUS NOS LIVRE!!!

Diferente de muitos textos atribuídos equivocadamente a Luiz Fernando Veríssimo, este que posto abaixo foi publicad numa edição da revista Domingo, que vinha encartada na edição de domingo do jornal O Globo nos anos 90; não tenho a data de publicação pois destaquei a página da revista e muitos anos depois eu o transcrevi e posto aqui no meu blog.

Lembrei desse texto porque apareceram algumas pessoas extremamente burras no programa Silvio Santos (o qual sou obrigado a pelo menos ouvir, já que meu pc fica na sala e minha mãe não abre mão dessa droga) e me lembrei de um trecho que pede que Deus nos livre da burrice alheia, pois a nossa até que é simpática...


Deus nos livre!!!
Luiz Fernando Veríssimo

Deus nos livre da doença, da miséria, do escapamento radioativo e das pessoas que cutucam e dizem: “Heim? Heim?”
Deus nos livre do pós-modernismo e da fome.
Deus nos livre de todos os “ismos”. Em especial do Botulismo.
Deus nos livre da censura.
E da morte prematura.
Deus nos livre da multidão.
Deus nos livre da solidão.
E Deus nos livre, peremptoriamente de jamais usar a palavra “peremptoriamente”.
Deus nos livre do lirismo e da coriza nasal.
Deus nos livre da paixão desenfreada e da grama artificial.
Deus nos livre da volta dos festivais da canção
E do nosso coração.
Deus nos livre dos bêbados que confidenciam.
Deus nos livre das mulheres que miam.
Deus nos livre de um dia acordar de ressaca, sair da cama e descobrir que estamos no palco do Teatro Municipal lotado.
Deus nos livre do requerimento em três vias, do protocolo, das fotografias 3x4, da ficha de chamada, da espera na fila e de descobrir que não é aqui, é no outro guichê.
Deus nos livre do outro guichê.
Deus nos livre da autoridade competente, que com a incompetente ainda há diálogo.
Deus nos livre da burrice dos outros, que a nossa até que é simpática.
Deus nos livre da terceira idade.
E da falsa humildade.
Deus nos livre da ira, da soberba, da gula, da luxúria, da avareza, da inveja, da preguiça, e desta mania de limpar o ouvido com a tampa da caneta Bic.
Deus nos livre da dissolução dos costumes.
E da terrível faca de dois gumes.
Deus nos livre dos que querem o nosso mal.
Deus nos livre dos que só querem o nosso bem.
Deus nos livre dos que querem o nosso.
Deus nos livre do despertador, da seborréia, das pessoas que nunca piscam e das que citam o Fukuyama.
Deus nos livre do mar de lama.
Deus nos livre da tragédia.
E da alta classe média.
Deus nos livre dos futurólogos.
Deus nos livre do futuro!
Deus nos livre do libelo.
E de todos os Collor de Mello.
Deus nos livre da superstição.
E de tanta assombração.
Deus nos livre de colidir com um meteoro e dos que pedem que Deus os livre.
Deus nos livre das bravatas.
Deus nos livre das gravatas.
E, meu Deus, dos plutocratas.