quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Verão

Verão me deixa assim, ó:


GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR!

Explico: não gosto de calor. até aí tudo bem, ventilador, água gelada, roupas mais leves... Não tenho grana pra ar condicionado, mas memso assim, ok, quanto à tempertura, é me virar com o que puder.

Pior que o calor maldito que me tira qualquer ânimo de fazer qualquer coisa (estou inclusive desanimado pra continuar escrevendo, mas farei um esforço para continuar), são as situações adversas que a estação traz consigo.

Moro em Guarapari, ES, cuja população é de cerca de 120 mil habitantes, mas que para a virada do ano, mês de janeiro e carnaval (maldito seja quem inventou o carnaval! Que arda no fogo do mais profundo e miserável inferno!) recebe cerca de 300 mil a 400 mil visitantes. ou seja, sem muita preocupação com exatidão, é como tentar 'encaixar' um ovo de galinha dentro de um ovo de codorna, ou seja, traduzindo numa só palavra: CAOS.

Traduzindo caos: trânsito congestionado (no melhor estilo 'hora do rush' de São Paulo), filas para comprar desde pão até um simples picolé; turistas que se esquecem de que os habitantes trabalham e fazem algazarra até altas horas da noite; os mesmos turistas que jogam lixo no chão, e depois reclamam da limpeza pública (olha a falta de bom senso aí, minha gente!); preços aumentados sem uma razão lógica; afluxo de pedintes, moradores de rua e vendedores ambulantes por causa dos turistas; assaltos mais frequentes que não distiguem moradores de turistas, ou seja, o turista vem, se faz presa fácil, atrai assaltantes e quem se ferra é o morador da cidade... enfim... turismo numa cidade que não está preparada para receber turistas não dá certo!

Desde muito tempo afirmo que a prefeitura deveria deixar de investir (e olha que investe mal, muito mal!) no turismo e valorizar o cidadão guarapariense, fomentando a implantação de indústrias pouco poluentes (como é o caso da indústria de confecção de roupas), gerando mais empregos no setor de serviços, indústria e comércio, pois aí sim teríamos um real crescimento do município, tanto do ponto de vista econômico quanto social. Sendo mais claro: enquanto Guarapari for apenas 'praia de mineiro', os verões aqui serão essa bagunça. Isso me desanima a continuar morando aqui, tanto que assim que puder, me mudarei 'com malas e cuias' para uma cidade interiorana, não turística, preferencialmente no Sul do Brasil, onde o verão não seja tão rigoroso.

'Té mais.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Boas Festas!

É simples, mas é de coração:


Alegrai-vos! Alegrai-vos! O Cristo nasceu da Virgem Maria!

Assistam a este belíssimo vídeo de LIBERA, o coro de meninos da Saint Phillip's Church!



Muita Paz!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Da falta de bom senso - Parte IV

Lá vamos nós mais uma vez, falar sobre a falta de bom senso.

Mas afinal, que diabos é ter bom senso?

segundo a Wikipedia:

Bom senso é um conceito usado na argumentação que é estritamente ligado às noções de Sabedoria e de Razoabilidade, e que define a capacidade média que uma pessoa possui, ou deveria possuir, de adequar regras e costumes à determinadas realidades, e assim poder fazer bons julgamentos e escolhas. Pode, assim, ser definido como a forma de "filosofar" espontânea do homem comum, também chamada de "filosofia de vida", que supõe certa capacidade de organização e independência de quem analisa a experiência de vida cotidiana.

O bom senso é por vezes confundido com a ideia de senso comum, sendo no entanto muita vezes o seu oposto. Ao passo que o senso comum pode refletir muitas vezes uma opinião por vezes errônea e preconceituosa sobre determinado objeto, o bom senso é ligado à ideia de sensatez, sendo uma capacidade intuitiva de distinguir a melhor conduta em situações específicas que, muitas vezes, são difíceis de serem analisadas mais longamente. Para Aristóteles, o bom senso é "elemento central da conduta ética uma capacidade virtuosa de achar o meio termo e distinguir a ação correta, o que é em termos mais simples, nada mais que bom senso."

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bom_senso

Enfim,

TÁ FALTANDO BOM SENSO, MINHA GENTE!!!
(Wallace Rocha)

Falta bom senso na vida
Falta também na Nação
Não há bom senso no governo
E também o falta no cidadão

Amigos tratam amigos
Sem bom senso nem consideração
Traem, omitem e lesam
Quem deveriam tratar como irmão

Há bom senso em poucas ações
Em poucos comportamentos
Falta bom senso até
No necessário pensamento

Não refletem nem escolhem bem
Sobre as palavras que têm a dizer
Vomitam uma verborragia
Que vazia só pode ser

Os espertinhos pensam que têm
Bom senso em toda armação
Mas esquecem, pobres coitados
Quem nem todos são bobos não

Falta bom senso, minha gente
Vamos pensar um pouco mais
Não passe atestado de ignorância
Raciocinar nunca é demais.



É isso, pessoal. Como li, certa vez, "o azar dos espertinhos, é achar que todo mundo é besta".


sábado, 19 de dezembro de 2009

Da boa vontade de abrir caminhos

Em 1995 ou 96, não lembro bem, li, num impresso informativo do sindicato dos bancários quando era estagiário no Banco do Brasil (sim, já fui bancário, ou pelo menos, estagiário em banco^^)umas trovas de cordel que muito me marcou, e que posto abaixo. Depois comento o mesmo.

Vanguarda
(João Olavo Roses)


Quem vai na frente

Não vê caminhos,

Cai no buraco,

Pisa no espinho.


Pés machucados,

Olhar dolente,

Mãos calejadas:

Quem vai na frente.


Quem vai na frente

Não vê estrada,

Em plena mata,

Abre picada.


Cavando a terra,

Joga a semente.

Não colhe flores

Quem vai na frente.


Quem vai na frente

Não tem asfalto.

Não tem conforto,

Só sobressalto.


Planta e não colhe,

Luta e não vence.

Sofre e não canta...

Quem vai na frente.


Mas abre estradas,

Planta caminhos,

Buracos tapa,

Arranca espinhos.


E deixa as flores,

Quem sempre faz

Feliz e alegre

Quem vem atrás.




Pois é, muitas vezes sentimos as agruras por executarmos um trabalho, cumprirmos uma tarefa, mas não é à toa. Certa vez meu frater rosacruz Isaac Newton bem observou ao dizer que viu mais longe porque se apoiou sobre ombros de gigantes. Assim, o grupo BEM (Bálsamo do Espiritismo em Música) sintetizou numa bela canção o pensamento do frater Newton:



SOBRE OMBROS DE GIGANTES
(Grupo BEM)


Não fui eu quem deu o primeiro passo
no caminho que eu percorri
Não fui eu quem cultivou as sementes
das flores que eu colhi no jardim
Existiu alguém
que abriu as portas pra eu passar
E ir além
de onde esse alguém pôde chegar

Se eu vi tão longe
foi porque estava apoiado
em ombros de gigantes
Se eu vim tão longe
foi porque segui os passos
de quem veio antes

Não serei eu a dar o último passo
no caminho que outros farão
Mas plantei as minhas próprias semente
dos frutos que outros colherão
Por onde andei
Havia uma luz pra seguir
E eu trabalhei
Para iluminar os que estão por vir


É uma bela canção.


Recebam meus votos de Paz Profunda!


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O inferno são os outros.

Como o próprio título deste post já enuncia, vou falar do inferno que são os outros. Esta é uma ideia de Jean Paul Sartre, filósofo francês que desenvolve essa questão da convivência inevitável que muitas vezes nos impede de sermos nós mesmos, de realizarmos o que quisermos, pois empre nos criticarão, sempre nos imporão barreiras

Acordei de péssimo humor hoje, e apenas as vozes das pessoas são o suficiente para me irritar - a voz dos outros fazem parte desse inferno - principalmente quando não apenas comentam algo, mas também reclamam e criticam de forma negativa as coisas e pessoas. Não que eu seja a perfeição em pessoa - longe disso - mas haja paciência para aguentar gente reclamando todo o tempo! Um sábio que escreve por vias mediúnicas chamado Hammed escreveu certa vez pelas mãos do médium Francisco do Espirito Santo Neto:

"Cada um vê o universo das coisas pelo que é.
Vemos o mundo e as criaturas segundo o nível de
desenvolvimento da consciência em que vivemos".

As dores da alma - Edições Boa Nova

Pois bem, quando nos conscientizamos disso e procuramos, malgrado os impecilhos que os outros nos colocam, nos melhorarmos, tudo bem, mas e quando os outros não se conscientizam? Sim, infelizmente Sartre estava certo.

Por outro lado, não é o que o outro faz, mas o que esperamos que o outro faça que nos causa tanta desilusão, tanta trsiteza. Esperamos lealdade, fidelidade, respeito, reciprocidade... Esperamos e esperamos. E o que damos de nós? Ou melhor, e o que damos de nós apenas pelo prazer de proporcionar aos outros algo de bom? Tantas perguntas... Filosoficamente, as perguntas são mais importantes do que as respostas, mas, convenhamos, perguntas sem respostas são um inferno.

Para parar com o trololó: Verão chegando, cidade se enchendo de turistas mal educados. Alguém aí sabe se existe um vôo baratinho para a Sibéria?

domingo, 13 de dezembro de 2009

Suavizando os fatos

Como já poderia esperar, o jornal Notícia Agora - que se reserva o direito de publicar da forma que melhor lhe aprouver - suavizou "um pouco" a carta que enviei para a coluna Canal do Leitor e que foi publicada neste domingo, 13 de dezembro, inclusive com o título alterado. Será que acharam que eu peguei pesado demais?

Por falta de scanner, segue abaixo a foto da publicação e o textona íntegra, tal como enviei.


O direito ao lazer e a indução ao erro.

Recentemente, um canal de TV local veiculou no noticiário uma matéria sobre supostos atos de vandalismo ao recém reurbanizado calçadão da Praia das Castanheiras, em Guarapari, alegando que os skatistas têm danificado o patrimônio público com suas manobras. Ora, que falta de bom senso, então, de nossos administradores, que se esforçam para agradar aos turistas, embelezando a cidade, desprezando o direito nato de crianças e adolescentes (mesmo aqueles privados de liberdade), garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente em seus artigos 4, 59, 71 e 124, inciso XII, onde se encontra que família, comunidade, sociedade e Governo são obrigados a garantir o lazer da criança e do adolescente, assim como garantir os direitos à cultura e às práticas esportivas!

Quando não proporciona um espaço destinado à prática de esportes, além de induzir os jovens ao erro, posto que por sua conta, encontrarão locais onde possam se divertir a despeito de qualquer dano ao patrimônio público, a administração pública ainda favorece o ócio, que colabora diretamente com práticas ilícitas como o uso e tráfico de drogas. Aliás, o que se pode esperar de uma cidade que despreza tanto a prática esportiva de tal modo que sequer possui uma secretaria de esportes e lazer, sendo estes da alçada de uma secretaria que acumula a gerência de turismo, cultura e esporte?

O skate e a patinação in line são práticas esportivas saudáveis que exercitam o corpo e a mente, auxiliando no desenvolvimento físico, social e mental, exercitando a criatividade e a perseverança nas tentativas de execução de manobras cada vez mais ousadas. Até quando os jovens guaraparienses, por falta de opção, terão que “invadir” um espaço que também é seu?

Prof. Wallace Rocha - Guarapari
CREF 003531-G/ES

10/12/2009


Perguntinha pertinente: Se o canal é do leitor, e este não está dizendo nenhuma mentira, por que, então alterar suas palavras???



Penso...

Le Penseur
Escultura em bronze de Auguste Rodin


Penso nas possibilidades
Nas iniqüidades
Nas individualidades e suas capacidades
Penso no dia a dia
Na carteira vazia (e como enchê-la)
Penso na morte da bezerra
Penso no amanhã e no depois de amanhã
No dia da morte e nos de boa sorte
Penso ao ler o caderno de esporte
Penso na traição
Na desfaçatez e mau-caratismo
Na hipocrisia e na zombaria
Penso na palavra vã e na sã
Na sabedoria e na futilidade
Penso no que deveria
Penso no que não deveria
Penso, penso, penso...
É, acho que penso demais.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Da falta de bom senso - Parte III

Aqui estou novamente para criticar a falta de bom senso alheia. Desta vez, meu alvo é essa onda de alguns anos de Vale Tudo, Ultimate Fight, Mixed Martial Arts e afins. Nockei a flecha, retesei o arco, mirei e...

Bem, aproveito a oportunidade para analisar o conceito de Arte Marcial. Marte, no panteão romano, é homólogo a Hares, deus da guerra do panteão grego. Arte marcial, portanto, faz referência à guerras e tudo a elas relacionado. Vale ressaltar que atribuir às técnicas bélicas orientais o termo 'marcial', é, no mínimo, um equívoco cultural, posto que, no caso do Japão, o deus homólogo a Marte é Hachiman no Kami, logo, em vez do termo Arte Marcial, o correto seria chamar as lutas japonesas Artes Hachimanianas (Hachiman no Gi), entretanto, o termo Arte Marcial ficou consagrado pelo uso, não fazendo distinção entre oriente e ocidente.

Quando assim chamamos as lutas que hoje conhecemos, cometemos um equívoco, posto que a forma como são praticadas as lutas hoje, as descaracteriza como artes marciais, uma vez que são praticadas em ambientes fechados, com regras, uniformes e, inclusive, porque não são praticados nas mesmas formas em que eram praticados, posta a evolução decorrente das artes nas quais foram inspiradas. Assim, esclarecido o equívoco, disparo minha flecha.

Muitos praticantes de lutas irracionalmente alegam que a competição de Vale Tudo e congêneres é uma forma de resgate da honra dos samurais, dos guerreiros e bla bla bla... Ok, muito bem, então vamos usar alvos humanos para os tiros com arco, carabina, arremesso de dardos... Francamente, penso que levar uma luta até o knock out usando golpes certeiros e sem controle de impacto é, nada mais, nada menos, de forma nua e crua, um retorno à barbárie! Assim, se é para resgatar os valores antigos a qualquer custo e fazendo disso espetáculo, vamos também resolver as questões legais através de duelos com pistola ou com espadas... É, século XXI e tem gente que não evoluiu com os tempos; para estes, não basta vencer usando a técnica: há que ferir, tirar sangue, quebrar algum(s) osso(s), desarticular algum membro... Vanitas, vanitas et omnia vanitas! Pura vaidade! Eu posso te quebrar! Eu posso te machucar! E vou fazê-lo! É, lamentável, revoltante...

Um tanto menos grave quanto à violência gratuita, é o desconhecimento de professores que 'criam' alunos igualmente ignorantes. Pergunte a um praticante qual a origem do Jiu Jitsu e a maioria esmagadora lhe dirá que a origem está na Índia. As ligações entre o Jiu Jitsu que conhecemos e o Vajramushti indiano é remotíssima! O Jiu Jitsu que conhecemos hoje é produto brasileiro por honra e graça (notaram o cinismo?) de Mitsuyo Maeda, que ensinou as técnicas do Judo aos Gracie, sem poder usar o nome de Judô porque deste havia sido expulso por indisciplina; o Jiu Jitsu é derivado direto, portanto, do Judô, sendo este derivado do Tenshin-Shinyo-Ryu e do Kito-Ryu, dois estilos dentre os tantos conhecidos no Japão Medieval como Jiu Jitsu, sendo estes derivados do Yoshin-Ryu, escola de luta criada por Shirobei Akyama após estudos das lutas chinesas e japonesas. As lutas chinesas, no século VI receberam influência do Vajramushti através de Bodidharma, que, chegando na província de Honan, ensinou as técnicas de sua casta aos monges que deram origem ao Shaolin Ssu Tao Chuan, o tal "Kung Fu de Shaolin".

De forma análoga, há quem coloque o Muay Thai sobre um pedestal, tal como um dos muitos deuses tailandeses, criando (ou reproduzindo) um imaginário de que esta era a arte dos guerreiros Thai. Como um pouco de História não mata ninguém, vamos lembrar que no século XIX a Europa entrou numa onda de neocolonialismo, procurando explorar territórios na Ásia e, assim, os franceses tentaram, mas não conseguiram explorar a Tailândia e, como as culturas circulam a despeito das fronteiras, o Savate, luta francesa, espécie de chute-boxe no qual se usavam sapatos velhos, em francês savate, foi apropriado e somado à antiga forma de lutar, deu origem ao boxe tailandês. Pior que essa ignorância histórica é a ignorância acerca da anatomia humana, quando chamam o Muay Thai de "ciência dos oito membros"; é de conhecimento geral que o corpo humano é composto de um tronco, uma cabeça, dois membros superiores e dois inferiores, daí, quando um praticante deixa subentendido que joelhos e cotovelos também são membros, está passando um atestado de ignorância.

A título de conclusão deste post, afirmo que julgo uma selvageria a prática irracional de certas lutas, bem como a espetacularização da barbárie, enaltecendo, por outro lado, a prática sistemática e refletida das lutas que considerem a evolução da cosnciência paripassu à do corpo e suas habilidades.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Da moral do Karatê – Parte I

Aconteceu nesta sexta mais um exame de graduação da ASKARI – Associação de Karatê de Guarapari – à qual pertenço desde 99 quando iniciei a prática desta luta. Talvez eu tenha ficado tão ou mais tenso que meus alunos, afinal, é o meu trabalho que está ali, sendo avaliado, mesmo que não dependa apenas de mim, mas também da compreensão e do desempenho de meus alunos. Penso que seja o momento oportuno para refletir sobre a parte moral que norteia a prática dessa luta estruturada como conhecemos no final do século XIX.

Antes mesmo de começar o exame, o Sensei Adilson dos Passos pediu que todos se virassem para uma placa afixada onde se lê o Dojo Kun, ao qual chamamos de “Lemas do Karatê”, embora sua tradução literal seja “regras da academia”. Está escrito:

“Esforço para a formação do caráter”.
“Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão”.
“Criar o intuito de esforço”.
“Respeito acima de tudo”.
“Conter o espírito de agressão”.


O Dojo Kun escrito em japonês.

Os Lemas do Karatê foram escritos por Sensei Masatoshi Nakayama para resumir os Vinte Princípios Fundamentais deixados por Sensei Gichin Funakoshi, um tanto quando difíceis de serem todos decorados e mais ainda de serem compreendidos totalmente. Assim, Nakayama Sensei em muito nos facilitou o aprendizado desses conceitos morais, aos quais posteriormente, a sede de conhecimento nos leva a estudar e buscar compreender mais a fundo os Vinte Princípios Fundamentais sobre os quais falarei oportunamente.

Quando mencionamos o “esforço para a formação do caráter”, devemos ter em mente o auto-aperfeiçoamento, o intuito consciente de buscar se melhorar enquanto pessoa e enquanto cidadão.

A “fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão” nos remete à idéia de retidão, de escolher o correto em vez do errado, segundo nossa compreensão das coisas. Digo que essa escolha é segundo nossa compreensão, pois cada um vê o universo das coisas pelo que é, ou seja, vemos as situações, as coisas e as pessoas segundo nosso nível de consciência. Quem erra sabendo, merece punição mais severa do que aquele que erra por ignorância.

“Criar o intuito de esforço” é um convite à disciplina. Fazer o que deve ser feito quando deve ser feito e como deve ser feito. Um antigo escrito tibetano diz que devemos realizar as coisas no seu devido tempo, não deixando para a tarde aquilo que podemos (e devemos) executar pela manhã.

“Respeito acima de tudo” nem deveria ser comentado, pois o respeito por tudo e por todos deveria ser a regra inviolável em todo tempo e lugar. Respeito nada mais é do que ter a consciência de que todos são dignos de nossa consideração e de que nosso direito termina quando interfere no direito do próximo. O Mestre Yeoschua Ben Yossef (ele mesmo, Jesus, o Cristo) sintetizou bem esse conceito quando nos recomendou amar ao próximo como a nós mesmos.

Parece estranho, no âmbito de uma luta herdeira das artes marciais (ainda conceituarei as artes marciais num post) que se recomende “conter o espírito de agressão”. Estranho, mas não contraditório se levarmos em consideração o período em que esses lemas foram escritos: fim do século XIX, as lutas corporais perdem seu valor como instrumental bélico, ganhando status de práticas de auto-aperfeiçoamento, de iluminação; assim, ao adicionar o sufixo DO ao nome KARATE, Mestre Funakoshi estabelece que a prática deveria levar a pessoa a ser “vazia” (Kara) de más intenções, de agressões, e que deveria agir como um espelho que simplesmente reflete o que se lhe apresenta, ou um vale que conduz a longas distâncias os menores sons nele produzidos. Se é fato que a agressão gratuita é uma atitude espúria, o direito à auto defesa é legítima, entretanto, citando um dos Vinte Princípios Fundamentais, “antes de se usar a técnica da arte, busque usar a técnica da alma”, ou seja, a inteligência, procurando evitar os atritos sempre que possível.

Para encerrar este post, quero parabenizar aos meus alunos David Henrique Barbosa de Mendonça, Giovanni Gomes Guerreiro, Guilherme Pereira Duarte e Guilherme Reis Mendes por terem alcançado a faixa amarela; Gabriel Magalhães Miranda e Wellington José Vicente Mezzabarba por terem alcançado a faixa vermelha; Fernanda Henriques Martins e João Victor Dornellas Cypriano por terem alcançado a faixa laranja. Vocês fizeram jus à confiança que depositei em vocês. OSS!

Da moral do Karatê – Parte I

Aconteceu nesta sexta mais um exame de graduação da ASKARI – Associação de Karatê de Guarapari – à qual pertenço desde 99 quando iniciei a prática desta luta. Talvez eu tenha ficado tão ou mais tenso que meus alunos, afinal, é o meu trabalho que está ali, sendo avaliado, mesmo que não dependa apenas de mim, mas também da compreensão e do desempenho de meus alunos. Penso que seja o momento oportuno para refletir sobre a parte moral que norteia a prática dessa luta estruturada como conhecemos no final do século XIX.

Antes mesmo de começar o exame, o Sensei Adilson dos Passos pediu que todos se virassem para uma placa afixada onde se lê o Dojo Kun, ao qual chamamos de “Lemas do Karatê”, embora sua tradução literal seja “regras da academia”. Está escrito:

“Esforço para a formação do caráter”.
“Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão”.
“Criar o intuito de esforço”.
“Respeito acima de tudo”.
“Conter o espírito de agressão”.


Os Lemas do Karatê foram escritos por Sensei Masatoshi Nakayama para resumir os Vinte Princípios Fundamentais deixados por Sensei Gichin Funakoshi, um tanto quando difíceis de serem todos decorados e mais ainda de serem compreendidos totalmente. Assim, Nakayama Sensei em muito nos facilitou o aprendizado desses conceitos morais, aos quais posteriormente, a sede de conhecimento nos leva a estudar e buscar compreender mais a fundo os Vinte Princípios Fundamentais sobre os quais falarei oportunamente.

Quando mencionamos o “esforço para a formação do caráter”, devemos ter em mente o auto-aperfeiçoamento, o intuito consciente de buscar se melhorar enquanto pessoa e enquanto cidadão.

A “fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão” nos remete à idéia de retidão, de escolher o correto em vez do errado, segundo nossa compreensão das coisas. Digo que essa escolha é segundo nossa compreensão, pois cada um vê o universo das coisas pelo que é, ou seja, vemos as situações, as coisas e as pessoas segundo nosso nível de consciência. Quem erra sabendo, merece punição mais severa do que aquele que erra por ignorância.

“Criar o intuito de esforço” é um convite à disciplina. Fazer o que deve ser feito quando deve ser feito e como deve ser feito. Um antigo escrito tibetano diz que devemos realizar as coisas no seu devido tempo, não deixando para a tarde aquilo que podemos (e devemos) executar pela manhã.

“Respeito acima de tudo” nem deveria ser comentado, pois o respeito por tudo e por todos deveria ser a regra inviolável em todo tempo e lugar. Respeito nada mais é do que ter a consciência de que todos são dignos de nossa consideração e de que nosso direito termina quando interfere no direito do próximo. O Mestre Yeoschua Ben Yossef (ele mesmo, Jesus, o Cristo) sintetizou bem esse conceito quando nos recomendou amar ao próximo como a nós mesmos.

Parece estranho, no âmbito de uma luta herdeira das artes marciais (ainda conceituarei as artes marciais num post) que se recomende “conter o espírito de agressão”. Estranho, mas não contraditório se levarmos em consideração o período em que esses lemas foram escritos: fim do século XIX, as lutas corporais perdem seu valor como instrumental bélico, ganhando status de práticas de auto-aperfeiçoamento, de iluminação; assim, ao adicionar o sufixo DO ao nome KARATE, Mestre Funakoshi estabelece que a prática deveria levar a pessoa a ser “vazia” (Kara) de más intenções, de agressões, e que deveria agir como um espelho que simplesmente reflete o que se lhe apresenta, ou um vale que conduz a longas distâncias os menores sons nele produzidos. Se é fato que a agressão gratuita é uma atitude espúria, o direito à auto defesa é legítima, entretanto, citando um dos Vinte Princípios Fundamentais, “antes de se usar a técnica da arte, busque usar a técnica da alma”, ou seja, a inteligência, procurando evitar os atritos sempre que possível.

Para encerrar este post, quero parabenizar aos meus alunos David Henrique Barbosa de Mendonça, Giovanni Gomes Guerreiro, Guilherme Pereira Duarte e Guilherme Reis Mendes por terem alcançado a faixa amarela; Gabriel Magalhães Miranda e Wellington José Vicente Mezzabarba por terem alcançado a faixa vermelha; Fernanda Henriques Martins e João Victor Dornellas Cypriano por terem alcançado a faixa laranja. Vocês fizeram jus à confiança que depositei em vocês. OSS!

Da falta de bom senso - Parte II

Como podem perceber, gosto de criticar a falta de bom senso alheia, então, mesmo que intercalada com outros temas, essa é uma série de posts que deve alcançar um bom número. Aliás, resolvi voltar a "blogar" após ter escrito uma carta a um jornal de circulação aqui no ES, relatando a falta de bom senso da administração pública.

É fato que a atual administração municipal e as anteriores "dão murro em ponta de faca" no que tange ao turismo, relegando as necessidades locais a um segundo, terceiro, quarto... plano, entretanto, faço justiça ao prefeito Edson Magalhães pois depois de muito tempo, vi a maior parte das ruas do bairro onde moro, Meaípe, asfaltadas.

Voltando à falta de bom senso, dias atrás na Tv Guarapari, um canal de tv aberto local, na coluna "De Olho na Cidade", o jornalista Ricardo Conde foi relatar que a recém concluída reurbanização do calçadão da Praia das Castanheiras, no centro da cidade, estava sofrendo a ação de "vândalos", principalmente de skatistas que estariam danificando o local com as manobras de skate. Realmente, seria algo justo reclamar e combater tal vandalismo se a municipalidade oferecesse os jovens um local onde pudessem praticar o esporte (e expressão cultural) de sua preferência; no entanto, no afã de agradar aos turistas que só vêm aqui durante dois ou três meses por ano, emporcalham a cidade e ainda saem reclamando, as verbas para obras públicas são destinadas em sua maior parte, parafraseando a expressão popular, para mineiro ver.

Existe nas proximidades o inútil Radium Hotel, que nos anos 50 do século XX foi um hotel-cassino que atraía os turistas de todo o país para a cidade e que hoje é um criadouro de morcegos. Aventa-se a possibilidade de transformá-lo num centro cultural, entretanto, dada a precariedade de manutenção do edifício, a despeito de seu suposto e discutível valor histórico, seria mais sensato demolí-lo e construir um centro cultural moderno, com um amplo espaço para a prática esportiva.

Em tempo: não pratico skate ou nenhum outro esporte sobre rodinhas, mas como professor de Educação Física, defendo o direito ao lazer e à prática esportiva, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente em seus artigos 4, 59, 71 e 124, inciso XII, onde se encontra que família, comunidade, sociedade e Governo são obrigados a garantir o lazer da criança e do adolescente, assim como garantir os direitos à cultura e às práticas esportivas.

Fotos do calçadão - Clique aqui

Onde está a área para prática esportiva???

Recebi um e-mail do jornal Notícia Agora informando que meu texto original (não este que postei no blog) será publicado na edição deste domingo, 13/12/2009. Após a publicação, postarei o texto original aqui no blog.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Da falta de bom senso - Parte I

Meu direito termina quando começa a tolher o seu - aprendi isso desde cedo com 'Seo' Olival e Dª Vera, meus pais, mas, infelizmente, não são todos os pais que ensinam algo de bom senso aos seus filhos. Começo assim este primeiro post pois o mesmo é um comentário acerca de um péssimo hábito contemporâneo: o uso de celulares com função de mp3 player.

Não gosto de funk, pagode, axé e demais gêneros musicais popularescos, apesar de defender o direito daqueles a quem apraz, entretanto, é algo deveras desagradável tomar um ônibus e, não bastassem as longas distâncias e a superlotação, ainda algum filho de chocadeira resolve ligar o modo alto-falante do celular e, para completar, acompanhar cantando (cantando???) um maldito "batidão" com aquele peculiar desrespeito intrínseco à gramática vernacular, discordando em gênero, número e grau. Isso me faz recordar Luís Fernando Veríssimo: "Deus nos livre da burrice alheia, pois a nossa até que é simpática".

São Luiz de Camões, rogai por nós!
Protegei nossos ouvidos da agressão
Livrai-nos de, no coletivo, ouvir ao "batidão"
Fazei com que o passageiro maldito desça no próximo ponto
Ou que a bateria de seu celular descarregue
Antes que minha paciência se esgote.
Senhor, me dê paciência!
Pois se o Senhor me der forças
Eu estrangulo esse infeliz!
Amém!